terça-feira, 18 de dezembro de 2007

A maldição lançada por Pelops (parte II e última)


Com a saída de Édipo, Etéocles e Polinice, que haviam expulsado o pai, disputaram o trono de Tebas. Como ao sair Édipo havia previsto que os dois irmãos haveriam de se matar na disputa pelo poder, eles temendo que a previsão paterna viesse a se concretizar, se continuassem a viver juntos, decidiram, de comum acordo que ambos governariam Tebas, alternadamente. Acordo feito, o primeiro a governar foi Polinice que após cumprir seu período se retirou deixando o trono com seu irmão. Ao deixar o poder, Polinice foi para Argos onde se casou com a filha de Adrasto, rei de Argos. Findo o período de governo de Etéocles, Polinice voltou para assumir o posto com o que não concordou Etéocles. Diante da situação Polinice foiprocurar aliados para reconquistar o lugar que por direito lhe pertencia. Procurou Adrasto e junto com este organizou uma expedição para a retomada de Tebas. Esta expedição tomou o nome de "Os Sete contra Tebas”. Enquanto se preparavam para o ataque, Anfiaraus, adivinho e cunhado de Adrasto, profetizou que era melhor deixarem a idéia de lado uma vez que Etéocles não iria dar mole e com certeza iria haver uma guerra onde com exceção de Adrasto, todos iriam morrer, inclusive ele. Ninguém acreditou. Como Anfiaraus continuasse com a idéia, para convencê-lo, Polinice que sabia ser Anfiaraus mandado pela mulher, foi lá e a convenceu usando a seguinte estratégia: Presenteou Erifila, mulher de Anfiaraus, com o famoso colar que Afrodite dera, a Harmonia, no dia de seu casamento com Cadmo.
Satisfeita com o presente, Erifila, convenceu Anfiaraus que, apesar da certeza que tinha do mau êxito da expedição, foi obrigado a combater com Adrasto e Polinice. Reuniram então, um poderoso exercito e marcharam contra Tebas. Os comandantes de esse exercito eram: Polinice, Adrasto, Capaneu, Partenopeu, Anfiaraus, Hipomedonte e Tideu. Durante a caminhada para Tebas aconteceu um negocio muito interessante. Num determinado momento a água de que dispunham acabou e os caras estavam morrendo de sede, e nada de água. Todo mundo desesperado. Naquele desespero alguém avista uma mulher com um filinho no colo. Correm para lá. Ao se aproximarem perguntaram-lhe se ela conhecia algum lugar onde eles pudessem tomar água. A mulher prontamente deixou o filinho sentado no chão, no local onde estava, e foi mostrar uma fonte onde todos saciaram a sede. Quando voltaram encontraram a criança morta. Uma cobra se havia enrolado no pescoço da criança e a matado por asfixia. Anfiaraus, advertiu aos seus colegas e comandados que aquilo era um aviso do que estava para acontecer. Ninguém deu bolas. Mesmo assim, deram um funeral com todas as honras à criança e partiram para Tebas. Cabe aqui um parêntesis, para dizermos que a mulher era Hipsila, antiga rainha da ilha de Lemnos, que ao perder o trono havia sido vendida como escrava ao rei de Neméia do qual concebeu aquele menino que se chamava Ofeltes. Feito o enterro e com a sede saciada, foram embora. Ao chegarem a Tebas começou uma terrível batalha com muitas mortes de ambos os lados. Claro que Etéocles não pretendia entregar a rapadura. Como o chão já estivesse repleto de corpos estendidos, Etéocles num minuto de lucidez, subiu numa torre muito alta, mandou que se fizesse silêncio, e disse aos exércitos: "Generais da Grécia, chefes dos argivos que a guerra atrai para estes páramos, e vós, povo de Cadmo ,não arrisqueis mais a vida nem por Polinice, nem por mim. Quero eu, sozinho, enfrentar o perigo, e desejo lutar contra meu irmão,de homem para homem. Se o matar, governarei sozinho; se for vencido, entregar-lhe-ei a cidade.Vós, portanto, abandonai o combate, voltai para Argos, não venhais mais aqui perder a vida; o povo tebano não deseja outras mortes." Todos ficaram parado e em silêncio quando então se travou então um feroz combate entre os dois irmãos e quando Etéocles traspassou Polinices com sua lança, caiu também traspassado pela lança deste. Ambos estavam mortos conforme a maldição lançada por Édipo. Os deuses haviam atendido os últimos desejos de Édipo. O exército sitiante foi vencido, e todos os chefes pereceram com exceção de Adrasto, que deveu a vida à rapidez do seu cavalo no qual fugiu após uma implacável perseguição dos tebanos. Assim, realizou-se a profecia de Anfiaraus.
Com a morte dos dois irmãos, mais uma vez Creonte voltou ao poder, já havia acontecido isto quando da morte de Laio, e junto como senado de Tebas, que tomara partido pelos sitiados, decidiu que Etéocles seria sepultado com todas as honras, mas que seu irmão Polinice seria, em virtude da traição, deixado sem sepultura, para que seu corpo fosse devorado pelos cães e pelos abutres. Antígona não concordou e foi enterrar o irmão. Quando soube que havia sido desobedecido, Creonte chamou a sua sobrinha, Antígona era sua sobrinha, ao seu gabinete e perguntou se ela não sabia das ordens que ele havia dado ao que ela respondeu:
“Pois bem! Eis o que respondo eu aos chefes dos Cadmos. Se não há quem queira comigo enterrá-lo hei de conseguir sozinha e assumirei toda a responsabilidade. Não vejo vergonha em sepultar meu irmão nem que para isso devesse rebelada ir de encontro aos desejos da cidade. É coisa grave termos caído das mesmas entranhas, termos tido a mesma mãe, uma infeliz, o mesmo pai, outro infeliz. Sim deliberadamente, hei de continuar irmã deste morto. Ah não se fartarão da sua carne os lobos de ventre faminto. Hei de sozinha, apesar de mulher, incumbir-me de remover a terra e preparar uma cova. Trarei o pó nas dobras desta tela, mostrou a tela, e eu própria a recobrirei com ele o cadáver. Ninguém objetará! Terei essa coragem, e, o que é mais, terei ao meu lado todos os recursos de uma alma que quer conseguir.” (Esquilo)
Creonte,ficou injuriado e diante da coragem da sobrinha não via outra solução sob pena de perder a moral com os seus súditos, mandou matá-la. Sabendo o que estava ocorrendo, Hemon, filho único de Creonte e namorado de Antígona, intercedeu junto ao pai para que não consumasse o ato. Não só não foi ouvido, como ainda bateu boca com seu pai, quase chegando ás vias de fato. Ao sair do gabinete, não resistindo à perda, Hemon se suicidou com sua própria espada. Ao saber do acontecido, Eurídice, Esposa de Creonte e mãe de Hemon, também se suicidou. Estava pois cumprida a segunda e ultima parte da maldição lançada por Pelops sobre Laio e sua família, sendo da que da sua família só Ismênia sobrou para contar a historia.
Antonio Gomes Lacerda

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