DIPLOMACIA
Para Tarso, pugilistas deveriam pedir refúgio ao Brasil
Para justificar que não houve tratamento diferenciado ao ex-ativista italiano Cesare Battisti, o ministro da Justiça, Tarso Genro, fez uma comparação com os atletas cubanos do boxe, que desertaram nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, no ano passado, e sua declaração terá repercussões junto à esquerda brasileira.
Tarso disse ontem, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que não há um regime democrático em Cuba e que se fosse um boxeador cubano pediria refúgio político ao Brasil.
Tarso ainda negou que os dois pugilistas cubanos que foram deportados em 2007, depois de fugirem durante competições no Rio de Janeiro, tenham sido expulsos do Brasil. Segundo ele, ambos pediram para retornar a Cuba.
– Não acho que Cuba seja um regime democrático, mas tem normas de direito e tem normas de direitos humanos que devem ser respeitadas – afirmou o ministro.
Em sessão na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Tarso afirmou que não houve tratamento diferenciado entre os atletas cubanos e o ex-ativista italiano Cesare Battisti.
– Se eu fosse um boxeador cubano, eu pediria refúgio. No lugar deles, eu pediria, mas eles não pediriam, ao contrário do refugiado (Cesare) Battisti. Não expulsamos os cubanos contra a vontade deles – declarou.
Para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), Tarso concedeu tratamento diferenciado a Battisti, que recebeu status de refugiado político, em comparação aos atletas cubanos, que foram deportados para seu país. Os pugilistas cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux abandonaram a Vila do Pan-Americano do Rio em 2007 e acabaram deportados pelo governo brasileiro.
Ausência de motivação ideológica no caso italiano
Ao negar que foi movido por considerações ideológicas para acolher Battisti, o ministro afirmou que refugiaria no Brasil um italiano que tivesse integrado um esquadrão fascista e tivesse cometido crimes semelhantes.
– Se chegar até a este ministro o pedido de refúgio e as condições forem análogas eu concederei o refúgio. Isso é uma postura de neutralidade do Estado em relação à lei e ao direito internacional – acrescentou.
Durante a sessão da comissão, Genro tentou desfazer a avaliação de alguns ministros do Supremo de que teria criticado o Judiciário italiano, que condenou Battisti à prisão perpétua, ao dizer que o julgamento pode ter sido influenciado por medidas de exceção.
Apesar disso, Tarso Genro repetiu a avaliação de que o julgamento de Battisti pode ter sido influenciado por perseguição política, o que justificaria a concessão do status de refugiado. Tarso negou que Battisti fosse terrorista. Battisti permanece preso na penitenciária da Papuda em Brasília. O julgamento pelo STF do pedido de extradição feito pelo governo italiano deve ocorrer nas próximas semanas.
Extaído de: http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2436922.xml&template=3898.dwt&edition=11896§ion=134
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