domingo, 30 de março de 2008

A justiça

Certa vez, na casa de Cefalo, um grupo de filósofos, entre eles Glauco, Adeimanto, irmão de Platão, discutia o conceito de justiça. Irritado com Sócrates a quem não suportava, Trasimaco, um sofista, se arrisca a definir justiça e assim o fez.
A força é o direito e justiça é o interesse do mais forte. Feito isto ele começou a discorrer sobre formas de governo e a justiça por cada uma delas proclamadas. Democracia, aristocracia ou autocrática ditam leis tendo em vista os seus interesses e estas leis são feitas para servir a estes mesmos interesses.
Essas leis são posteriormente apresentadas aos seus súditos como sendo justiça. Aqueles que as transgredirem serão punidos e execrados diante da sociedade. É essa justiça que pela força arrebata a propriedade alheia tudo em nome de uma falsa moral ou ainda dizendo que tudo está sendo feito em beneficio da coletividade.
Os que transgridem a justiça o fazem movidos pelo receio de lhe sofrer as conseqüências, mas os donos do poder o fazem sem escrúpulos ao praticá-la. Stirnem chegou a dizer: “A mão cheia de poder é preferível ao saco cheio de direito”. Platão por sua vez no dialogo Georgias (483f), onde o sofista Calicles diz "que a moralidade é uma invenção dos fracos para barrar o poder dos fortes e continua: Eles distribuem louvores e censuras conforme o convenha aos seus interesses pessoais; dizem que desonestidade é vergonhosa e injusta – classificando de desonestidade o desejo de ter mais do que o vizinho. Como reconhecem a própria inferioridade pugnam pela igualdade".
Tudo isto para um grupo de pessoas é a justiça, mas elas mesmas escondem as coisas que estao mascaradas por trás de suas intençoes. As verdadeiras virtudes de um homem são a coragem e a inteligência.
Depois de um acirrado debate onde não se chegou a uma conclusão, Platão se aventurou a definir: Justiça é termos e fazermos o que nos compete. E você como definiria a justiça? Eu Antonio Gomes Lacerda, ficaria com a definição de Trasimaco e acrescentaria: e ainda a mão forte do Estado (longa manus) que transforma cidadãos em súditos ao sabor das conveniências daqueles que detêm o poder.

Nenhum comentário: