sábado, 1 de dezembro de 2007

Veículos de imprensa divulgam carta que Ingrid Betancourt escreveu para a mãe

01/12/07 às 16:04
Bogotá, 1 dez (EFE)

A ex-candidata à Presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, seqüestrada pelas Farc desde fevereiro de 2002, relatou em carta a sua mãe que "a cada dia resta menos dela mesma", segundo detalhes da mensagem divulgada hoje por vários meios de imprensa."Este é um momento muito difícil para mim. Pedem provas de sobrevivência à queima-roupa e aqui estou te escrevendo colocando minha alma sobre este papel. Estou mal fisicamente. Não voltei a comer, estou sem apetite, meu cabelo cai em grandes quantidades", disse Betancourt a sua mãe Yolanda Pulecio."Não tenho vontade de fazer nada. Acho que isso é a única coisa a ser feita, não tenho vontade de nada porque aqui nesta selva a única resposta para tudo é "não". É melhor, então, não querer nada para ficar livre pelo menos de desejos", escreveu Ingrid Betancourt na carta.Ingrid lamenta porque o tempo na floresta é interminável e diz que a vida não é vida, "é um esbanjamento lúgubre de tempo"."Vivo ou sobrevivo em uma rede estendida entre dois paus, coberta com um mosquiteiro e com uma cobertura em cima, que server de teto, com o que posso pensar que tenho uma casa", contou.Betancourt falou de seus poucos pertences e da maneira como na floresta, a qualquer momento dão ordem para sair correndo.A ex-candidata também escreveu que sente falta de sua família e lamenta a morte de seu pai, o ex-ministro da Educação Gabriel Betancourt, poucos meses após ser seqüestrada."Durante anos não consegui pensar nas crianças e a dor causada pela morte do meu pai testava toda a capacidade de resistência.Chorando pensava nele, sentia que me asfixiava, que não podia respirar", continua Betancourt.Sobre seus filhos diz que tem em sua memória "cada uma das idades" e em cada aniversário canta o "Parabéns pra Você".Além disso, Betancourt fez reflexões sobre sua condição, a de milhares de colombianos seqüestrados e assinala: "não são um tema politicamente correto"."Na Colômbia é preciso pensar de onde viemos, quem somos e para onde queremos ir", acrescentou.A ex-senadora também teve tempo e espaço para agradecer a quem interveio com apelos para libertação dos reféns. "A Piedad (Córdoba senadora) e Chávez (Hugo, presidente venezuelano) todo, todo meu afeto e minha admiração", escreve."Nossas vidas estão aí, no coração deles, que sei que é grande e valente" acrescentou e agradece também o prefeito de Bogotá, Luis Eduardo Garzón, por suas gestões assim como ao ex-ministro Álvaro Leyva e ao senador Gustavo Petro, e também "a jornalistas".Na quinta-feira foram divulgadas outras provas de vida e testemunhos de soldados e policiais igualmente em poder das Farc e que comoveram o país.
Agencia EFE

Nenhum comentário: