O que não se faz por dinheiro?
Nós temos aqui em nosso pais um grupo de
pessoas que pensam que todos somos bobos. Se este não é o caso, esse grupo de pessoas não tem vergonha.
Por que digo isso? Digo porque não há como ficar calado diante do cinismo de
um advogado que defende o senhor Demostenes, que eu pensava que fosse um homem sério,
dizendo que ele é um injustiçado. Este
advogado comeca a citar trechos de Luther King, de Fernando Pessoa e de muitas
outras pessoas que fizeram história, para santificar o seu cliente. Senhor advogado, leve o seu cliente para o seu
escritório empregue-o e confie nele, mas não venha tripudiar, ainda mais, de nós pobres mortais
pagadores de impostos. O que o seu cliente fez e os seus pares fizeram e fazem
já é o suficiente, ou o senhor quer também
pegar carona no mesmo bonde para ajudar no massacre a que somos submetidos
diariamente. Confesso que este Demostenes me enganou. Hoje quando imagino que
esse senhor um dia foi promotor de justiça, imagino que justiça ele promovia.
Talvez seja por isso que hoje o defensor da pouca vergonha fala de injustiça.
Se o senhor insufla os senadores para que eles não atendam aos anseios da opinião
pública, que tipo de pessoa deve ser este advogado? Será que ele faz parte da populacão! Será que ele consegue dormir bem e olhar para os
seus filhos? É senhor advogado, o que não
se faz por dinheiro?
Diante
da sua sua defesa e da inocência do seu cliente o que eu posso dizer para aquele morador de rua que achou 20000,00 e o
entregou ao dono? Só posso
dizer isto:
"De tanto ver triunfar as
nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto.
Rui Barbosa
(Senado Federal, RJ, Obras Completas,
Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)"
Antonio Gomes Lacerda
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