quinta-feira, 7 de maio de 2009

Vizinhos de lixão de Itaboraí fazem protesto contra construção de aterro


Publicado em 03/05/2009


Danielle Rabello


A instalação de um aterro sanitário em Itaboraí para receber lixo de 11 municípios da região metropolitana e do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) continua causando polêmica. O movimento "Nosso Lixo Legal", formado pela sociedade civil organizada e que inclui entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), está preparando um ato público contra a construção do aterro para o próximo dia 22, data do aniversário da cidade.
O aterro sanitário está previsto para ser implantado em uma área de quase 3 milhões de metros quadrados, na área conhecida como Fazenda Itapacorá, no bairro Badureco. Uma área rural, a poucos minutos do Centro da cidade.
A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) deve realizar ainda este mês uma audiência pública na cidade para discutir a questão. De acordo com os deputados, a mobilização contra o lixão é tão grande na cidade que os organizadores estão procurando um ginásio ou campo de futebol para realizar o encontro.
Enquanto a questão ainda não está sacramentada, a sociedade civil está promovendo um abaixo-assinado contra o aterro, que segundo o movimento "Nosso Lixo Legal" já teria recolhido mais de 10 mil assinaturas. O documento será entregue à seção de Itaboraí da OAB, que encaminhará o documento ao Ministério Público Estadual.
"Não somos contra um aterro sanitário na cidade, o que não achamos correto é receber o lixo de outras cidades. Não temos estrutura para suportar o trânsito de 500 caminhões de lixo por dia, que é a previsão. Descobrimos que há uma nascente no local e que pode ser contaminada. Além do mais, tudo está sendo feito sem que a população tenha conhecimento do que está ocorrendo. Por isso, a partir da próxima semana estaremos espalhando outdoors pela cidade para informar os moradores", disse uma das integrantes do movimento, Suely Caffaro.
Para o deputado estadual Altineu Côrtes (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente da Alerj, o projeto não é viável.
"A área que abrigará o aterro fica em linha reta, a cinco quilômetros do Centro da cidade. Como poderá receber o lixo de 11 municípios e do Comperj? Além do mais, o acesso viário não tem a mínima condição de suportar todo o tráfego de caminhões. O aterro é importante, mas não acho correto um município receber o lixo de tantos vizinhos", disse o parlamentar.
Ainda segundo Altineu, a comissão investiga denúncias apresentadas pelos moradores da cidade, que tornariam a questão ainda mais polêmica.
"Há denúncias com relação à compra do terreno pela empresa que ficará responsável pelo aterro, pois parte da área pertenceria a um vereador da cidade, que votou a favor do projeto, ou seja, legislou em causa própria e isso não é ético. Estamos de olhos abertos sobre este caso", revelou o deputado.
De acordo com o presidente da OAB de Itaboraí, Ricardo Abreu de Oliveira, já há uma Ação Civil Pública tramitando no Ministério Público com relação à instalação do aterro sanitário em Itaboraí. A OAB também está agendando um encontro com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
O Fluminense

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