quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Vitória da democracia




Os Estados Unidos deram uma demonstração para o mundo do verdadeiro valor da democracia e ainda, de quebra, mostraram a verdadeira prática política. Num país tido e havido como racista, um negro, se tornou o seu 44º presidente, enquanto no Brasil, país onde não há racismo, negro não se elege nem governador de estado, imagine Presidente da Nação. Outro fato digno de registro, foi o comportamento de John McCain que diferentemente do que assistimos em nosso país, não apenas felicitou o vencedor, mas disse que irá trabalhar junto com o novo presidente para a recuperação do país e ainda, num gesto de solidariedade, lamentou que a avó do eleito não estivesse viva para comemorar a vitória do neto.
Essa eleição representa um novo capítulo na historia de um país com uma longa tradição de opressão racial, embora esperemos que isto seja apenas o começo, pois muito ainda há que se fazer para que o país possa se penitenciar de uma divida histórica que tem para com o seu povo.
Para que tenhamos uma idéia do que estamos falando convém lembrar que em 1961, quando Barak Obama nasceu, a maior parte do sul dos Estados Unidos ainda tinha leis de segregação racial. Negros e brancos nasciam em hospitais diferentes, estudavam em escolas separadas e eram enterrados em cemitérios distintos. Em Washington, diplomatas africanos não podiam ser atendidos nos melhores restaurantes e nem viver nas partes mais nobres da cidade. A situação começou a mudar com a chegada ao poder de John F. Kennedy. Naquela época, vários negros foram nomeados como assessores.
De 1865 até 2008, o país elegeu apenas três senadores negros. Nesse mesmo período, foram eleitos dois governadores negros.
De acordo com o Departamento de Justiça, 0,8% dos homens brancos estão, hoje, encarcerados. Para os negros, essa taxa chega a 4,6%.
Ainda hoje, a taxa de mortalidade infantil para crianças negras é 140% maior do que a de crianças brancas. No terceiro trimestre de 2008, 6,1% da populaçao branca estava desempregada, entre os negros, a taxa subia para 11,4%.
Em 2007, 10,6% da população branca vivia abaixo da linha divisória oficial de pobreza de US$ 21 mil para uma família de quatro pessoas, para os negros a taxa era de 24,4%.
Mesmo assim, apesar das desigualdades, a eleição de um presidente negro, o que muitos consideravam politicamente impossível, se tornou realidade e em janeiro de 2009, teremos oportunidade de ver Barack Obama discursar nas escadas do Capitólio, para mostrar ao mundo o arquétipo da sociedade que esperamos ver construída e que para nós representa a vitória da democracia.

Antonio Gomes Lacerda

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