sábado, 3 de maio de 2008

Grau de investimento vai melhorar perfil da dívida

02/05/08 às 20:53
Por Adriana FernandesBrasília, 02 (AE) -
A obtenção do grau de investimento pelo Brasil vai ajudar o governo a melhorar o perfil da dívida pública, alongando os prazos de vencimento e reduzindo custos. Essa previsão é do secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle, responsável pela administração de R$ 1,35 trilhão da dívida pública mobiliária federal (externa e interna). A maior parte da dívida, R$ 1,25 trilhão, é interna.As agências classificadoras de risco consideram o elevado endividamento o grande "calcanhar-de-aquiles" da economia brasileira. "O grau de investimento favorece o alongamento e a melhoria do perfil da dívida", disse o secretário.Segundo Valle, a demanda de investidores estrangeiros vai aumentar com o grau de investimento e proporcionar um barateamento do custo da dívida para o governo, facilitando o trabalho do Tesouro de emitir títulos com prazos de vencimento mais longos. Hoje, o Tesouro é obrigado, a cada 12 meses, a rolar (emitir novos títulos para pagar os que estão vencendo) 28,72% do total da dívida interna e externa (valores de março).A previsão mais otimista projetada na estratégia de financiamento da dívida é que esse valor caia para 24% no fim do ano. A mais pessimista, projeta uma queda para 27%. Em 2009, com o grau de investimento, o alongamento poderá se acelerar. Com o "selo de qualidade" dado ao Brasil pela Standard & Poor¿s, o País terá acesso a um universo de investidores estrangeiros que só aplicam em países com baixo risco. É que a maior parte dos chamados investidores institucionais - grandes fundos de pensão e seguradoras - tem regras que impedem aplicar recursos em países que não têm o grau de investimento. Esses investidores têm preferência por papéis de longo prazo. "A demanda desses investidores vai aumentar. Eles têm mais apetite pelos títulos prefixados e atrelados a índices de preço de longo prazo."Com isso, acrescentou Valle, o custo que o Tesouro paga para rolar a dívida deve cair. "Quanto maior a demanda, menor o preço", ressaltou o secretário, que era dentro do governo um dos mais otimistas com a possibilidade de o grau de investimento chegar ainda no primeiro semestre.No início do ano, Valle previu, em meio ao ceticismo do mercado financeiro com o agravamento da crise nos EUA, que o grau de investimento seria dado ao Brasil até o fim do primeiro semestre.Valle disse que a tendência é de que o juro real dos títulos de longo da dívida interna do Brasil se aproxime ao do México, país que já é grau de investimento há mais tempo. "O juro real embutido no preço dos títulos internos de longo prazo do México está em 4,5% e no Brasil, em 6,5%. A tendência é fechar as taxas, convergindo para o valor do México", previu Valle.
Agência Estado

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