sábado, 28 de março de 2009

Juiz agiu como 'justiceiro' no caso Camargo Corrêa, diz advogado

28/03/09 - 17h55

Alberto Toron defende consultor financeiro suíco naturalizado brasileiro. Kurt Paul Pickel foi apontado pela PF como figura-chave na investigação.
Mariana Oliveira Do G1, em São Paulo
O advogado Alberto Toron, que defende o consultor financeiro Kurt Paul Pickel – suíço naturalizado brasileiro apontado como a figura-chave das investigações da Polícia Federal (PF) sobre supostos crimes financeiros envolvendo a construtora Camargo Corrêa – criticou neste sábado (28) a decisão do juiz federal Fausto De Sanctis sobre as prisões da Operação Castelo de Areia.

“O Dr. Fausto se permitiu considerações de ordem ideológica, que lembram mais a figura de um justiceiro do que a de um juiz da República”, ressaltou o advogado na sede da Polícia Federal (PF), em São Paulo, neste sábado (28), ao vir tratar da libertação de seu cliente.

Na quarta-feira (25), quatro executivos da construtora, duas secretárias e quatro supostos doleiros foram presos por suspeita de envolvimento em um esquema de remessa ilegal de dinheiro da construtora para o exterior por intermédio de doleiros que atuam no Brasil e em outros países.

Procurda pelo G1, a assessoria de imprensa da Justiça Federal disse que o advogado está "em seu papel" ao questionar a prisão. A assessoria informou também que o juiz Fausto De Sanctis já disse anteriormente que suas decisões não tiveram motivação política.

Habeas corpus
Segundo Toron, a desembargadora Cecília Mello, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, que determinou a soltura dos dez suspeitos de envolvimento no caso com a concessão de dois habeas corpus, está em sintonia com a “jurisprudência do Supremo Tribunal Federal de que a Justiça não aceita prisões para obter confissões”.

“Prisões (não podem ter o objetivo de) escrachar, dar castigo antes do julgamento. Primeiro processa, julga e depois condena”, disse Toron. Ele ressaltou que obteve acesso a parte do inquérito apenas na sexta-feira (27) e disse que ainda não conversou com seu cliente sobre as acusações. Inicialmente, tratou apenas de conseguir sua libertação.

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'Sem relação'
Neste sábado, o advogado Márcio Delamberti, que defende Maristela Dohert, apontada como suposta doleira no caso, afirmou neste sábado, na sede da PF, que sua cliente não tem nenhuma relação com a empresa. "Não vamos entrar em questão de mérito, mas o que foi dito sobre ela não tem vinculação nenhuma com a realidade", afirmou. De acordo com o advogado, a decisão da soltura ocorreu porque a Justiça considerou que a prisão dos envolvidos não era necessária. "A decisão do Dr. Fausto (De Sanctis, juiz federal) não estava concreta. Não foi demonstrado risco de eles estarem soltos", frisou Delamberti.

Ele afirmou que não comentaria exatamente qual é a acusação à sua cliente porque ainda não teve acesso a todo o teor do processo.

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