sábado, 21 de março de 2009

Embraer tem ajuda de US$ 600 milhões para vender aviões

Apoio
Dinheiro será repassado a BC argentino que financiará compra de aviões pela companhia Aerolineas Argentina
20 Mar 2009 - 15h15min

Após demitir 20% de seus funcionários, a Embraer receberá um apoio indireto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Nesta sexta-feira, 20, o presidente da instituição, Luciano Coutinho, confirmou que será lançada uma linha de financiamento, no valor entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões, para a compra de aeronaves da Embraer pela companhia aérea Aerolineas Argentina. Segundo ele, o empréstimo será garantido pelo governo argentino e pelo Convênio de Crédito e Pagamentos Recíprocos (CCR), mecanismo da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). "É um mecanismo precioso que a Aladi tem e que permite que os créditos entre nós sejam absolutamente garantidos. É isso que nos permitirá as condições para realizar a operação", disse. De acordo com o Ministério da Fazenda, o CCR é um mecanismo de compensação escritural e de garantias que funciona com base no cancelamento contábil de crédito e débito pelos Bancos Centrais. O Banco Central do país de destino de uma exportação brasileira dá mandato a um banco comercial do país de destino para operar e prestar garantias em seu nome. O exportador brasileiro, mediante a apresentação dos documentos exigidos pelo convênio, recebe o pagamento por sua exportação na data de vencimento do documento de crédito. Por fim, o banco comercial brasileiro é reembolsado pelo Banco Central do Brasil, que registra um crédito em seu valor contra o BC do país de destino. Com isso, o exportador elimina o risco comercial representado pelo importador e o risco bancário representado pelo banco comercial estrangeiro envolvido na operação. Coutinho negou que o empréstimo do BNDES seja destinado à Embraer. "Sempre que financiamos o comprador da aeronave da empresa, não estamos financiando a empresa, mas o comprador. Estamos gerando demanda para que a empresa tenha melhores condições de manutenção e expansão de seus empregos." Demissões O Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP) manteve as demissões de trabalhadores realizadas pela Embraer, mas considerou os cortes abusivos, por falta de negociação prévia da fabricante de aeronaves com o sindicato. A Justiça do trabalho também impôs à Embraer o pagamento de indenização extra aos demitidos. Pela sentença, a Embraer terá de pagar mais dois avisos prévios a cada empregado demitido, limitando o pagamento a R$ 7 mil. Também deverá garantir o plano de assistência médica por 12 meses, a contar de 13 de março, data do fim da liminar que suspendia as demissões. O julgamento aconteceu na quarta-feira, 18, após duas audiências de conciliação conduzidas pelo TRT, em que não houve acordo entre a Embraer e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), sede da empresa. As duas medidas impostas à Embraer já haviam sido propostas pela empresa nestas audiências, mas não foram aceitas pelos trabalhadores. O sindicato informou que vai recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho "por acreditar que no julgamento não foi considerada a nulidade das demissões, que era o objeto de fato da ação". O julgamento, com a presença de nove desembargadores, foi acompanhado na plateia por cerca de 150 trabalhadores demitidos. As demissões, anunciadas em 19 de fevereiro, atingiram 4.200 trabalhadores, o correspondente a 20% dos empregados da fabricante de aeronaves, uma das maiores do mundo. A empresa alegou redução de encomendas em função da crise financeira global. Foi a maior demissão em massa de uma companhia brasileira desde o agravamento da crise financeira global, em setembro passado. O corte teve impacto no desempenho do emprego das indústrias paulistas de fevereiro, que fechou o mês com 43 mil postos de trabalho a menos.
Agência Estado

Extraído de: http://www.opovo.com.br/negocios/864124.html

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